domingo, 14 de março de 2010

Mais que um poeta...

Álvares de Azevedo, além de prosas e poesias, escreveu ensaios literários sobre Byron, George Sand, Alfred de Musset e sobre a literatura e a civilização em Portugal; novela, Noite na Taverna e, ainda, teatro, Boêmios e Macário.
Noite na Taverna é, sobretudo, o reflexo da literatura estrangeira da época, patente nas inflências de Byron e Alexandre Dumas, mesclada com autores mais remotos, como Boccaccio e Shakespeare, tudo isso amalgamado e transfundido no tenebroso cadinho da alucinante de Hoffmann. Em suas histórias macabras, encadeadas por um diálogo, como as Canterbury Tales, de Chaucer, e o Decameron, de Boccaccio, ele é decididamente um escritor hoffmanesco. Azevedo chega a ser mais hoffmanesco que o próprio Hoffmann. Pois, em Noites na Taverna não há traços de lirismo e nem notas humorísticas ou de fantasias poética, o que acontece, às vezes, nas obras de Hoffmann.
No teatro, Boêmios é uma peça breve apresentada como um ato de comédia que não foi escrito, é em versos brancos e dá a impressão de coisa inacabada. O texto foi intercalado na segunda parte da Lira dos vinte anos. Macário, é uma peça mais longa e composta em prosa.
Azevedo foi, ainda, orador oficial da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais quando cursava o segundo ano. Na longa oração agitavam-se ideias novas e revolucionárias, entre as quais destacavam-se as da abolição e da República. Enquanto que a família do poeta ingressava na aristocracia imperial, Azevedo começava a tender para o Liberalismo. Seu pai, conservador, tomando conhecimento das audácias do filho resolveu repreendê-lo, mas, não surgiu nenhum efeito.

MAGALHÃES JÚNIOR, Raimundo. "Poesia e vida de Álvares de Azevedo". São Paulo: Editora das Américas, 1962.

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