Por que mentias leviana e bela?
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre, e se minha vida
Tu vias desmaiar, por que mentias?
Acordei da ilusão, a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?
Sabe Deus se te amei! sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Sabe esse pobre coração que treme
Que a esperança perdeu porque mentias!
Vê minha palidez - a febre lenta,
Esse fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito! Eu morro! eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?
Poesia e vida de Álvares de Azevedo
domingo, 9 de outubro de 2011
sábado, 3 de setembro de 2011
SONETO
Já da morte o palor me cobre o rosto,
nos lábios meus o alento desfalece,
surda agonia o coração fenece,
e devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
tento o sono reter!...já esmorece
o corpo exausto que o repouso esquece...
eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
fazem que insano do viver me prive
e tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
olhos por quem viveu quem já não vive!
nos lábios meus o alento desfalece,
surda agonia o coração fenece,
e devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
tento o sono reter!...já esmorece
o corpo exausto que o repouso esquece...
eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
fazem que insano do viver me prive
e tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
olhos por quem viveu quem já não vive!
sábado, 23 de julho de 2011
Prefácio - Lira dos vinte anos
São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os.
As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor.
É uma lira, mas sem cordas: ( frustração amorosa)
uma primavera, mas sem flores, (juventude sem glória)
uma coroa de folhas, mas sem viço. ( símbolo do sucesso e da glória - sem verdor).
Cantos espontâneos do coração, vibrações doloridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou, - como isso dou a lume essas harmonias.
São as páginas despedaçadas de um livro não lido...
E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai semi-nua e tímida por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu coração - ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como o consolo que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor - esses dous raios luminosos do coração de Deus.
Esse prefácio indica o pessimismo que são encontrados nos poemas da Lira dos vinte anos.
As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor.
É uma lira, mas sem cordas: ( frustração amorosa)
uma primavera, mas sem flores, (juventude sem glória)
uma coroa de folhas, mas sem viço. ( símbolo do sucesso e da glória - sem verdor).
Cantos espontâneos do coração, vibrações doloridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou, - como isso dou a lume essas harmonias.
São as páginas despedaçadas de um livro não lido...
E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai semi-nua e tímida por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu coração - ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como o consolo que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor - esses dous raios luminosos do coração de Deus.
Esse prefácio indica o pessimismo que são encontrados nos poemas da Lira dos vinte anos.
sábado, 9 de julho de 2011
A Tempestade (fragmento)
Profeta escarnecido pelas turbas
disse-lhes, rindo, adeus!
Vim adorar na serrania escura
a sombra de meu Deus!
quinta-feira, 23 de junho de 2011
quinta-feira, 16 de junho de 2011
O lenço dela
Quando a primeira vez, da minha terra
deixei as noites de amoroso encanto,
a minha doce amante suspirando
volveu-me os olhos úmidos de pranto.
Um romance cantou de despedida,
mas a saudade amortecia o canto!
Lágrimas enxugou nos olhos belos...
e deu-me o lenço que molhava o pranto.
Quantos anos contudo já passaram!
Não olvido porém amor tão santo!
Guardo ainda num cofre perfumado
o lenço dela que molhava o pranto...
Nunca mais a encontrei na minha vida,
eu contudo, meu Deus, amava-a tanto!
Oh! quando eu morra estendam no meu rosto
o lenço que eu banhei também de pranto!
deixei as noites de amoroso encanto,
a minha doce amante suspirando
volveu-me os olhos úmidos de pranto.
Um romance cantou de despedida,
mas a saudade amortecia o canto!
Lágrimas enxugou nos olhos belos...
e deu-me o lenço que molhava o pranto.
Quantos anos contudo já passaram!
Não olvido porém amor tão santo!
Guardo ainda num cofre perfumado
o lenço dela que molhava o pranto...
Nunca mais a encontrei na minha vida,
eu contudo, meu Deus, amava-a tanto!
Oh! quando eu morra estendam no meu rosto
o lenço que eu banhei também de pranto!
sábado, 28 de maio de 2011
Trindade
A vida é uma planta misteriosa
Cheia d'espinhos, negra de amarguras,
Onde só abrem duas flores puras,
- Poesia e amor...
E a mulher... é a nota suspirosa
Que treme d'alma a corda estremecida,
- É fada que nos leva além da vida
Pálidos de languor!
A poesia é a luz da mocidade
O amor é o poema dos sentidos,
A febre dos momentos não dormidos
E o sonhar da ventura...
Voltai, sonhos de amor e de saudade!
Quero ainda sentir arder-me o sangue,
Os olhos turvos, o meu peito langue
E morrer de ternura!
Cheia d'espinhos, negra de amarguras,
Onde só abrem duas flores puras,
- Poesia e amor...
E a mulher... é a nota suspirosa
Que treme d'alma a corda estremecida,
- É fada que nos leva além da vida
Pálidos de languor!
A poesia é a luz da mocidade
O amor é o poema dos sentidos,
A febre dos momentos não dormidos
E o sonhar da ventura...
Voltai, sonhos de amor e de saudade!
Quero ainda sentir arder-me o sangue,
Os olhos turvos, o meu peito langue
E morrer de ternura!
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