sábado, 19 de março de 2011

Quem sou?

Quem sou?
É difícil de dizer:
corri mundo, a cada instante mudando de nome e de vida.
Fui poeta, e como poeta cantei.
Bebi numa taverna com Bacage, ajoelhei-me na Itália sobre o túmulo de Dante, e fui à Grécia para sonhar como Byron naquele túmulo das glórias do passado.
Quem sou eu?
fui um poeta aos vinte anos,
um libertino aos trinta,
sou um vagabundo sem pátria e sem crenças aos quarenta...

Álvares de Azevedo, em Noite na taverna.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Ai Jesus!

Ai Jesus! não vês que gemo,
que desmaio de paixão
pelos teus olhos azuis?
Que empalideço, que tremo,
que me expira o coração?
Ai Jesus!

Que por um olhar, donzela,
eu poderia morrer
dos teus olhos pela luz?
Que morte! que morte bela!
Antes seria viver!
Ai Jesus!

Que por um beijo perdido
eu de gozo morreria
Em teus níveos seios nus?
Que no oceano dum gemido
minh'alma se afogaria?
Ai Jesus!